terça-feira, 20 de maio de 2014

‘Ainda canto as músicas nos mesmos tons’

Tetê Espíndola ganhou popularidade pela sua voz agudíssima e pelo sucesso ‘Escrito Nas Estrelas’, canção vencedora do ‘Festival dos Festivais’, uma espécie de ‘Superstar’ que a Globo promoveu em 1985. A obra da cantora mato-grossense, no entanto, é bem mais abrangente, como pode ser testemunhado em seu novo lançamento: um CD duplo que reúne ‘Pássaros Na Garganta’, clássico de sua discografia lançado em 1982, e o inédito ‘Asas do Etéreo’ (Selo Sesc), com participações de Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Arrigo Barnabé.

Há quem ressalte que ‘Escrito Nas Estrelas’ prejudicou a trajetória artística de Tetê, tirando a atenção de seu trabalho de vanguarda e a transformando em um ícone brega. Mas a cantora discorda, e não descarta de seu repertório a emblemática canção até hoje.


“Essa música só me ajudou, me deu um nome nacional, foi uma dádiva na minha vida. Ganhei um festival com ela, não foi um sucesso que uma gravadora bancou para tocar no rádio. Aonde vou, até no exterior, nunca posso deixar de tocá-la. E faço questão. Muita gente vai aos meus shows por causa dela, e aí acaba conhecendo meu repertório”, destaca Tetê Espíndola. “Fico chocada quando falam que eu não fiz mais nenhum sucesso. As pessoas ficam presas nessas coisas, o que é uma bobagem.”

‘Asas do Etéreo’ é o primeiro álbum de inéditas da artista desde ‘E Va Por Ar’, de 2007. “Muita gente me perguntava: ‘Puxa, já tem sete anos sem lançar disco?’. Mas minha vida é assim, não tenho compromisso de ficar lançando disco todo ano porque não tenho uma multinacional me bancando. As coisas vão por garra e vontade. E eu também produzi muitas coisas nesse meio tempo, eu não paro nem um minuto!”, conta.

Com o relançamento de ‘Pássaros Na Garganta’, Tetê vem fazendo shows exclusivamente com o repertório do disco, considerado seu lançamento mais importante. “E ainda canto as músicas todas nos mesmos tons originais!”, orgulha-se. “A voz muda com a idade. Já se vão 33 anos desde que gravei esse disco, e é claro que aquela coisa linda do agudo de quando se é jovem tem uma energia única, por isso me deu muito trabalho retomar esse repertório. Tive que recuperar aquela mesma energia aos 60 anos.” LSM

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