sexta-feira, 27 de abril de 2012

Eles têm mel

Kid Abelha comemora três décadas de carreira e Paula Toller chega aos 50 anos parecendo cada vez mais jovem: ‘Virei o Benjamin Button’


O ‘mel’ aí do título é justificado pela quantidade de doces canções do Kid Abelha que grudam nas cabeças de mais de uma geração, desde quando, há 30 anos, enviaram uma fita para a rádio Fluminense FM emplacando ‘Pintura Íntima’ (“Fazer amor de madrugada/Amor com jeito de virada”) na programação. Afinal, quem nunca se flagrou cantando esse refrão ou “Eu quero você/Como eu quero”?

Só uma coisa impressiona mais que descobrir que você sabe cantarolar praticamente todo o repertório do grupo: constatar ao vivo o ‘fenômeno’ Paula Toller, que completa 50 anos de idade no dia 23 de agosto, mas parece que nunca envelhece. “Virei o Benjamin Button”, diverte-se a cantora, citando o personagem, popularizado no cinema por Brad Pitt, que vai ficando mais novo ao longo dos anos. “Tenho disciplina de atleta. A dica é simples: sa-cri-fí-cio”, enfatiza.

Quando despontou no cenário como uma das únicas cantoras do rock brasileiro nos anos 80, Paula Toller, registre-se, ainda não era essa lindeza toda. O cabelo da hoje loura fatal era curto, castanho e cacheadinho, e a pele revelava as espinhas da adolescência. Foi só adotar os cabelos longos com mechas claras e uma pegada mais sexy para pipocar o apelido de ‘a Madonna brasileira’.

“Não me lembro disso, mas não me importaria com essa comparação, adoro a Madonna, embora ache que não tem nada a ver. Eu me casei com cineasta décadas antes dela, portanto ela, sim, teria me imitado”, compara, citando o marido, o cineasta Lui Farias.

Paula aparenta estar cada vez mais jovem. No entanto, sua voz, ela mesma garante, está cada vez mais madura. “No início, era uma voz a ser lapidada, mas já tinha personalidade. À medida que fui ganhando confiança, ela adquiriu mais nuances de interpretação e um timbre mais furta-cor”, classifica ela, que no início da carreira foi chamada de desafinada e recentemente foi ironizada virtualmente por Ed Motta, que a descreveu como “linda, burra e sem talento”.

Paula Toller prefere nem comentar tais críticas. A loura responde no palco, enfileirando seus clássicos, como ‘Por Que Não Eu?’, ‘Garotos’, ‘Lágrimas e Chuva’, ‘Educação Sentimental’, ‘Amanhã é 23’: a lista é grande.

O que o grupo tenta explicar até hoje, 30 anos depois, é o que quer dizer o enigmático refrão de seu primeiro sucesso, ‘Pintura Íntima’. “É um mistério. Quer dizer que você vai ter dificuldade em esquecer dessa música assim que começar a ouvi-la ou cantá-la”, brinca o guitarrista Bruno Fortunato.

COM JEITO DE VIRADA
Antes de se resumir a um trio, o Kid Abelha já foi um sexteto. A formação foi mudando até que, no disco de estreia, ‘Seu Espião’, de 1983, o grupo era um quarteto, com o cantor, compositor e baixista Leoni completando a chamada ‘formação clássica’. “Ele foi um dos fundadores da banda. A parceria Paula e Leoni é responsável por vários clássicos do Kid, que tocamos até hoje nos shows. Admiro o Leoni como compositor e artista e acho ótimo termos voltado a compor juntos nesses últimos anos”, elogia o saxofonista e cantor George Israel.

Leoni era namorado de Paula Toller e ‘Pintura Íntima’ foi sua primeira composição. O célebre refrão, acredite, nunca agradou ao autor. “Eu pensava num tema como ‘Sexual Healing’, do Marvin Gaye, em que os problemas são resolvidos na cama, dão uma ‘virada’ no relacionamento do casal”, explica Leoni no livro ‘Dias de Luta — O Rock e o Brasil dos Anos 80’.

Reza a lenda que ele tentou até o último momento mudar o verso “amor com jeito de virada”. Não conseguiu, e muita gente ainda canta: “amor com jeito de pirada”. LSM

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Marcelo Bonfá apresenta a sua branquinha

Era para falar de seu novo trabalho musical, a banda Corações Perfeitos, mas o baterista da saudosa Legião Urbana ficou ainda mais embriagado de felicidade quando o assunto descambou para a cachaça. Não uma branquinha qualquer, mas a sua ‘Perfeição’, que está prestes a liberar para aprovação geral e já pode ser encomendada pela Internet (www.cachacaperfeicao.com.br).

“Li uma reportagem dizendo que a gastronomia é o novo rock. Pô, como eu venho do punk, tinha que entrar nessa com a cachaça”, considera Marcelo Bonfá. “A ‘Perfeição’ é artesanal, para apreciadores”.

Bonfá em sua destilaria, no sítio no sul de Minas

Há 20 anos, ele comprou um sítio em Santo Antônio do Rio Grande, sul de Minas, onde já existia um canavial. “Comecei a querer ir para lá não só pelo lazer. A produção da cachaça, além de um hobby, é um negócio que pode ser bem lucrativo. A Dilma foi agora aos Estados Unidos conseguir que eles assinem embaixo da nossa cachaça, coisa que o nosso cachaceiro maior nunca fez”, ressalta, referindo-se ao ex-presidente Lula.

DADO VICIADO
Bonfá espera produzir cerca de 5 mil litros por ano da ‘Perfeição’. “Não é uma produção grande, mas já tenho safras de 2010, 2011 e agora a de 2012. O Dado (Villa-Lobos, guitarrista da Legião) já experimentou e adorou. Ele falou que arrumei um problema para ele, que agora vai ter que beber toda a produção”, diverte-se.

Bonfá anuncia o slogan de sua cachaça, que é batizada com o nome de um dos clássicos da Legião Urbana: “Algumas são magníficas, outras são fabulosas, mas só esta é a perfeição!”, decreta, fazendo brincadeira com os nomes de badaladas cachaças.

CORAÇÕES PERFEITOS
Não só a cachaça ocupa Marcelo Bonfá. “Mesmo que este negócio se torne muito lucrativo, nunca vou pendurar as baquetas!”, garante o baterista, que já começa a liberar as novas composições da banda Corações Perfeitos em seu site (www.marcelobonfa.com.br).

O grupo é um trio, integrado ainda por seu filho com a atriz Isabela Garcia, João Pedro Bonfá, e o músico Thiago Antunes. Bonfá, o pai, é o cantor, e os três se alternam em diversos instrumentos.

“O João está com 24 anos, mas toca guitarra desde os 8. Tem uma ótima presença de palco, só que gosta de uns rocks meio farofas, tipo Guns ‘N’ Roses, mas estou fazendo uma lavagem cerebral nele”, brinca o pai, que já é avô, da pequena Luisa, de 5 meses.

“Ele está se abrindo ao meu estilo”, devolve João.

WAGNER MOURA NO VOCAL
No dia 29 de maio, Dado e Bonfá fazem um show em São Paulo com Wagner Moura no vocal, representando Renato Russo. O registro do encontro vai virar programa da MTV e será lançado em CD e DVD. “ Além de ator, o Wagner é músico, e tem uma banda. Vai ser uma experiência inesquecível”, garante Bonfá.

Ele não deixou de comentar a situação do ex-baixista da Legião, Renato Rocha, que apareceu recentemente em uma reportagem na televisão como morador de rua. “Estão misturando direitos autorais com problemas de saúde e com a minha vida pessoal. Eu e o Dado até o chamaríamos para algum projeto, mas ele não consegue mais tocar”, lamenta. LSM

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Só na cervejinha

Mart’nália conta que, durante as gravações do novo CD, ‘Não Tente Compreender’, poucos foram os dias em que ela não bateu ponto em um barzinho perto de sua gravadora, a Biscoito Fino, no Humaitá, para tomar uma cervejinha. Pronto: foi a dica para a gente partir para o tal boteco e pedir uma loura gelada, continuar o papo sobre o lançamento e, melhor ainda, recordar histórias antigas.

“Isso de parar aqui no bar era só quando o Djavan não estava no estúdio”, desconversa rapidamente, para não se comprometer com o exigente produtor de seu disco.

Ah, Mart’nália, é até possível que o Djavan compreendesse tal traquinagem. Quem não a entendia, quando ainda era a pequena Tinália engatinhando em Pilares, era o pai Martinho da Vila.

“Fui criada vendo mestres como o Paulinho da Viola na minha sala, mas eu gostava era de imitar o Michael Jackson, um grande ídolo. Comecei a me despertar para a carreira artística dançando. Só que meu pai me perturbava a cabeça com isso, não via com muita simpatia esse ecletismo, não”, lembra Mart’nália.

Usualmente apresentada como sambista, ou como ‘a filha do Martinho da Vila’, ela mesma, porém, descarta tais relações. “Odeio rótulos! Não quero ser chamada nem de sambista, nem de roqueira, nem de sapatão, nem de hermafrodita, nem de nada”, descarta. “Gosto de conhecer um pouco de tudo. Não é porque sou macumbeira que não vou ao lado olhar ali o Buda”, sincretiza.

Mart’nália faz questão de ressaltar que não só o surdo e o pandeiro fazem sua cabeça. No disco novo, ela flerta mais que nunca com a música pop e até com o rock de Nando Reis.

“Pedi uma música para ele, queria mostrar meu lado roqueiro”, descreve, enquanto mais um gole traz à tona uma recordação meio amarga, porém divertida, do amigo-compositor: “Adoro o Nando, mas uma vez fui participar de um show dele e quando subi no palco ele me deu um beijo na boca. Gosto de carinho, pô, mas o beijo dele é rock ‘n’ roll demais para mim. Ele veio logo metendo aquele línguão, que nem a do cara do Kiss, até na minha orelha. Traumatizei”, diverte-se.

ELA SÓ QUER BEIJAR
O papo só é interrompido para a sessão de fotos. Ali mesmo, ao lado de um hidrante, na esquina do boteco. Descontraída que só ela, não demora a fazer uma galhofa com o artefato dos bombeiros. “Esse negócio vermelho dá um calor... Ainda bem que não sentei em cima!”, brinca.

Enquanto pede mais uma garrafa, chega uma porção de cebola à milanesa. “Ih! A mina não vai querer beijar na boca hoje à noite com esse bafo de cebola... Ah, tudo bem, qualquer coisa é só chamar o Nando Reis”, sugere, às gargalhadas.

DISCÍPULA DE ELZA SOARES
Mart’nália costuma recorrer ao repertório do pai quando grava novo disco. Não foi diferente neste ‘Não Tente Compreender’, que traz ‘Reversos da Vida’, antiga música de Martinho da Vila.

O repertório mostra ainda canções de Caetano Veloso (‘Demorou’) e Gilberto Gil (‘Eu Te Ofereço’), entre outros, além do já citado Nando Reis (‘Zero Muito’).

Destes, Mart’nália conseguiu arrancar canções inéditas. “Não vou ficar nessa de navegar sempre pelas músicas do Martinho. Recorri a meus amiguinhos. Caetano demorou 10 anos para fazer uma música para mim. Eu insistia, mas tenho ‘simancol’. Demorou, até que finalmente chegaram as canções”, festeja.

Gil se derrete em elogios com o resultado. “Ela tem um gosto musical muito eclético, e um timbre que lembra muito a Elza Soares. Gosto de vê-la como a grande discípula da Elza Soares”, compara.

O produtor Djavan também comemora, e conta que adorou atuar na função: “Pensava que seria muito bom para mim produzir o disco da Mart’nália, mas foi ainda melhor que imaginava. Foi muito gratificante, uma bênção, um trabalho diferente da minha rotina”, avalia.

Entre tantos compositores estelares — o disco conta ainda com músicas de Paulinho Moska (‘Namora Comigo’), Marisa Monte (faixa-título), Adriana Calcanhotto (‘Vai Saber’), Ivan Lins e Zélia Duncan (‘Serei Eu?’), só faltou uma do próprio Djavan. “Já tem o dedo dele no CD todo, aí eu estaria abusando...”, resigna-se Mart’nália. LSM (foto Mart'nália por Ananda Porto)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A voz continua a mesma...

A voz continua a mesma, mas os cabelos... é assim, de cabeça raspada, que Isabella Taviani volta à cena. O disco é novo, ‘Eu Raio X’, e ela emagreceu 18 quilos recentemente, mas um antigo peso ainda persiste:

“Até hoje me chamam de ‘genérica da Ana Carolina’. Pô, liga o rádio hoje e me diz quantas cantoras têm esse tipo de voz? Cansei de dar ouvidos a algumas pessoas, principalmente críticos de música. Não vou mudar meu estilo, nem inventar de falar de política, por exemplo. Quem quer ouvir música sobre política, vai ouvir o Caetano”, desabafa.

Mas, Isabella, o que está errado no raio X dos críticos, que não veem sua originalidade em relação a Ana Carolina?

“Para começar, nossas vozes são totalmente diferentes. Ela é uma artista que respeito, minha amiga, mas tenho uma doçura e flexibilidade vocal diferentes. Cantei ópera, tenho sutilezas que a Ana não tem”, avalia.

Isabella quer imprimir sua personalidade não só no disco e no novo visual. O conceito do raio X vai também para o palco. Ela mobiliza fãs, através de seu site (www.isabellataviani.com.br), para a construção do cenário da turnê, que estreia dia 25 de maio, no Citibank Hall. “Estou pedindo radiografias para montar um paredão de raio X, com luzes por trás”, detalha. “No show, os fãs vão dizer: ‘Aquele braço é meu’, ‘Aquela cabeça é minha’”.

Ela está apostando alto neste show. “Até porque ‘Eu Raio X’ é um CD independente. Sou muito grata à (gravadora) Universal, mas, como toda multinacional, ela lança seu disco e depois te abandona. Quero mostrar como gostaria de ser trabalhada”, decreta.

E lá se vão 20 anos desde que Isabella Taviani começou a cantar na noite carioca, e em 2013 completam 10 anos desde sua estreia em disco. “Nossa! Estou surpresa, não tinha me ligado sobre essas datas. Quem sabe faço um disco só de sucessos, com participações?”, vislumbra. LSM (foto Daryan Dorneles)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Autor de 'Galhos Secos' ('Para Nossa Alegria') diz que nunca ganhou dinheiro com a música


Uma canção evangélica de quatro acordes, refrão de três palavras e cantada fora do tom por um casal de irmãos e sua mãe. Para a alegria de uns e desespero de outros, ‘Para Nossa Alegria’ tornou Jefferson e Suellen Barbosa conhecidos Brasil afora e não para de bombar: o vídeo, que já contabiliza quase 15 milhões de exibições no YouTube, deu origem a milhares de versões; a Pepsi fechou uma parceria com a família; e a dupla, agora conhecida nacionalmente, anuncia que vai lançar CD e uma série de camisetas.

O que nem todo mundo conhece são os autores da tal música. Relaxa, nem o pessoal do ‘Pânico’, que vem arrebanhando audiência em cima dos garotos, parece saber. O programa diz, erroneamente, que a criação original é do grupo Catedral, que, de fato, a gravou nos anos 90. Porém, ‘Galhos Secos’ (esse é o nome correto da canção) é uma parceria dos também irmãos Osny (falecido em 2007) e Osvayr Agreste, feita nos anos 70 quando, ainda adolescentes, integravam junto do baterista Edson Zaffani o trio Êxodos, apontado como o primeiro grupo de rock gospel do Brasil.

“Essa música eu fiz com 13 anos de idade, foi a minha primeira, por isso é bem simples”, recorda Osvayr, 55 anos, que hoje é contador e, ao contrário do refrão de sua obra, não tem tanta felicidade ao comentar o ressurgimento da canção. “Achei os meninos bastante engraçados, mas nunca tive retorno financeiro com ‘Galhos Secos’. Soube que há um dinheiro retido, de direitos autorais. O Catedral fez uma versão, mas nunca fui consultado. Agora, tem um monte de gente me pedindo autorização para regravar. Mas meu objetivo já foi bem alcançado, porque a música virou referência em casas de recuperação de viciados e dependentes químicos. Por isso, me considero uma pessoa mais rica que o Eike Batista”, desabafa.

Já o grupo Catedral é só alegria. O sucesso de Jefferson e Suellen deu uma bela inflada na agenda de shows. E olha que eles não tocavam ‘Galhos Secos’ desde 1996! “As pessoas que viram o vídeo começaram a procurar pelo nosso trabalho. Hoje, estamos obrigados a voltar com a música no repertório”, comemora Kim, vocalista do Catedral. “Não conhecia o Êxodos, conheci a música pelo grupo Som Maior, que também a regravou. Pensava que a música era deles. Não tive o privilégio de conhecer o Êxodos antes, só agora, que essa história toda está vindo à tona. Estamos, inclusive, regravando ‘Galhos Secos’, para divulgar na Internet e depois lançar como bônus em um CD”.

Jefferson e Suellen, sem querer, ajudaram o Catedral. Seria agora a vez do Catedral, já que ao ‘Pânico’ a família da dupla adolescente revelou que passa por dificuldades financeiras — a mãe trabalha como faxineira no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o marido teve um infarto e está impossibilitado de trabalhar. “Eles parecem ser pessoas muito bacanas. A história deles emociona qualquer um. Ainda não os conheço, mas gostaria de ajudar, sim”, promete Kim.

ENTREVISTA COM JEFFERSON BARBOSA
Jefferson e Suellen Barbosa desfrutam o momento de fama. Tanto que já é possível até contratar a dupla, que agora só fala se houver divulgação do contato para shows. Tá aí: contato@nossalegria.com.br e (11) 2093-4122.


O que mudou na sua vida depois de todo esse sucesso de ‘Para Nossa Alegria’?

A fama. De um dia paro o outro foram milhões de acessos. A gente não tem Internet e não entendeu direito. Quando fui pra escola, no outro dia, todo mundo queria tirar foto com a gente. Minha mãe trabalha no aeroporto e todo mundo queria tirar foto com ela. A gente entendeu uns dias depois a proporção que teve o vídeo. Foi uma coisa muito grande.



Quando lançaram o vídeo na Internet, não imaginaram a repercussão?

Na verdade, foi a nossa vizinha Juliana que postou o vídeo. A gente estava ensaiando no quarto, porque a gente ia cantar na igreja, e pensamos: “Vamos ligar a câmera na televisão”. Estávamos nos assistindo como se fosse um espelho, por isso a gente estava sorrindo. Na hora do “para nossa alegria”, eu acabei entrando muito forte. Minha irmã começou a rir e minha mãe ficou brava. Mas foi sem querer, nunca imaginava mesmo essa repercussão.



Vocês planejam investir na carreira musical?
Vamos lançar um CD em maio, que vai ser produzido pela Salluz Productions, uma gravadora gospel. Vamos começar a gravar essa semana. Vai se chamar ‘Para Crianças e Adultos Bem Humorados’. Vão ser músicas bem humoradas.

Já estão conseguindo ganhar dinheiro com o sucesso?
Graças a Deus estão aparecendo convites para a gente cantar, está sendo uma bênção. Eu e minha irmã gostamos muito de cantar. Eu estudo violão e estou aprendendo também guitarra, e Suellen vai começar a fazer aulas de canto.



Você conhece a versão original de ‘Galhos Secos’, feita pelo grupo Êxodos?

Nossos pais conheceram a música através dessa versão. Eu e minha irmã conhecemos pela versão do cantor e produtor Paulo César Baruk. Mas a música é bonita em todas as versões, por isso a gente estava ensaiando para cantar na igreja. LSM

domingo, 8 de abril de 2012

Feras de rodinhas

Esporte surgido nos Estados Unidos nos anos 30, roller derby faz a cabeça de uma nova geração de patinadoras estilosas e boas de pancadaria


Quem vê essas meninas estilosas, com tatuagens, piercings, roupas transadas e maquiagem caprichada, pode até imaginar que elas vão se acabar na ‘night’. A última coisa que passa pela cabeça é o que se revela quando elas completam o figurino com seus capacetes, joelheiras, cotoveleiras, munhequeiras, protetores de dentes e sobem, não no salto, mas em cima de seus patins retrô de quatro rodinhas paralelas. É assim que as praticantes do roller derby — esporte surgido nos Estados Unidos nos anos 30 que vem fazendo a cabeça de uma nova geração de garotas no mundo inteiro — entram na pista. Não a de dança, mas um circuito oval onde sobra muita pancadaria.


Para entender o complicado jogo, fui acompanhar um treino da liga carioca Sugar Loathe Derby Girls, que se prepara para o primeiro campeonato brasileiro de roller derby, que acontece em outubro no Rio. “Eu gostava de patinar, mas não conhecia outras pessoas que curtissem. Até que me falaram ‘de umas meninas que patinam’. Achei que era só uma galera patinando junta. Quando vi essas loucas, fiquei bolada, mas depois achei maneiro”, conta Gabriela Góes, 35 anos, mais conhecida como ‘Yellin Submachine’.

É, elas todas têm seu ‘nome de guerra’. Aliás, guerra é um termo bem apropriado, já que, para evitar que a atacante do time adversário (cada equipe conta com cinco jogadoras) marque ponto, furando o bloqueio para dar voltas na pista, vale (quase) tudo. “Tem que impedir com o corpo. Pode usar o ombro, o quadril, a cintura, mas dar cotovelada ou colocar o patins para a outra tropeçar é falta”, explica Maria Julia, 32, a Simone Derby Voir, que já se machucou feio jogando: quebrou o tornozelo em uma jogada e ficou nove meses parada.

Para a segurança das próprias jogadoras (em tempo: garotos também praticam o esporte, mas o comum são meninas), essa onda de misturar esporte com estilo também esbarra em certos limites. “É recomendado tirar anel e brincos. Uma saia com spikes (tachinhas pontudas) na barra também pode oferecer risco de alguém se machucar”, destaca Patrícia Correa, 32, ou melhor, a Sugar Slam Fairy.

CONFRARIA EM QUATRO RODAS
Atenção: entrar no universo do roller derby implica, garantem as patinadoras, mudar radicalmente de hábitos. “É apaixonante. Tem quem abandone a turma antiga e só ande com o novo grupo de amigas”, detalha Maria Julia. “A gente gosta de sair juntas para beber, mas... nunca em véspera de treino!”, ressalta. LSM (fotos Luiz Lima)